Lya Luft não tem parentesco em nossa literatura: suas histórias, de uma poesia mórbida, desvendam um submundo emocional que poucos se atreveram a penetrar. Caio Fernando Abreu
Caio F. definiu perfeitamente o trabalho da escritora Lya Luft, poeta das dores, do (da falta de) amor, da opressão, do sofrimento, das mulheres. Mesmo trabalhando com traduções e tendo alguns publicações esparsas de poesia, Lya só lançou seu primeiro romance depois de ter 40 anos, e a partir daí começou sua obra de "poesia mórbida" como escreveu Caio.
As personagens de Lya, em sua maioria mulheres, são oprimidas, sofrem, vivem o lado obscuro da vida, num mar de angústia e medo, rodeadas pela falta de carinho, pela necessidade, muitas vezes, de um simples abraço. Quem leu o grande best-seller da autora, "Perdas e Ganhos", sabe que sua vida não é como a de suas personagens, sendo que os grandes sentimentos que ela cultiva durante o livro são a felicidade e a força, a alegria de aproveitar pequenos momentos. Ela própria já comentou sobre esse paradoxo entre sua vida e sua obra:
Sou fascinada pelo lado complicado. Tenho um olho alegre que vive: sou uma pessoa despachada, adoro família, adoro a natureza. Mas eu tenho um outro olho que observa o lado difícil, sombrio. A minha literatura nunca vai ser "aí casaram e foram felizes para sempre". Minha literatura sempre nasceu do conflito, da dificuldade, do isolamento.
Enfim, escrevo esse texto para dizer: leiam mais Lya Luft, mergulhem nessa obra tão complexa e envolvente produzida pela autora. Sei que muitos conhecem Lya apenas pelo trabalho na Veja, que mesmo sendo um trabalho interessante, onde ela faz apontamentos sobre inúmeras coisas cotidianas e atualidades, porém seus trabalhos como romancista e poeta vão muito mais a fundo na dor que é a vida, nas amarguras do mundo e nas dificuldades de se existir; adentrem nesse mundo.
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