Não sou um grande entendedor do Oscar, não vi nem metade dos filmes que já passaram pela premiação, mas há cada erro que eles cometeram. Aqui me ative mais a erros dos anos 90 para cá, pois nem me atrevo a comentar erros clássicos, como a não-premiação de algumas obras do Charles Chaplin, ou ainda filmes como "Apocalipse Now", "Laranja Mecânica" e "Cidadão Kane".
1995 - Meu coração arde de ódio: "Forrest Gump" é uma bela obra, cheia de patriotismo e benevolência, mas porra, ganhar todos os Oscar que deveriam ser de "Pulp Fiction", que é simplesmente a obra-prima do Tarantino é brincadeira. "Pulp Fiction" conseguiu apenas o Oscar de Melhor Roteiro Original, mas vale lembrar que "Forrest Gump" concorria a Melhor Roteiro Adaptado, prêmio este que o filme também ganhou.
1997 - Ah, esse ano me deixa com aquela cara de WTF?: "O Paciente Inglês" saiu como o grande premiado deste ano, ok, a fotografia é bela, até curto Anthony Minghella, mas esse filme é realmente muito cansativo, três horas para uma história de amor chata, só "E o vento levou..." pode ter tanto tempo para falar de amor (e olhe lá!). O único Oscar merecido de "O Paciente Inglês" foi o de Atriz Coadjuvante para Juliette Binoche, que está incrível no filme, fazendo as únicas cenas cativantes da produção. Porém, o Oscar de Melhor Filme para "O Paciente Inglês" é quase uma brincadeira com a nossa cara, em um ano que concorrem simplesmente "Fargo", uma das obras mais divertidas dos irmão Coen e simplesmente "Segredos e Mentiras", um dos filmes mais perfeitos que já foi feito, cheio de emoção pulsante e força.
1999 - O ano do ódio que vai além do nacionalismo: "Shakespeare Apaixonado" NUNCA merecia ter ganhado tantos prêmios, que filme insosso, romanticamente clichê e irritante, seu único Oscar merecido foi o de Atriz Coadjuvante para Judi Dench, que está ótima como Rainha. Agora vem aquela rusga meio nacionalista, sim, "Central do Brasil" estava lá lindo e belo, mas eu sei, "A vida é bela" é realmente de uma beleza única e apaixonante, então vejo que este ano deveria ter sido o ano do Oscar Estrangeiro, com "A vida é bela" como melhor filme e "Central do Brasil" como estrangeiro, mas o que vimos foi "A vida é bela" com o melhor estrangeiro e o Brasil voltando sem nenhum prêmio. Porém, além disso, o que me desperta aquela mágoa de cabocla forte é Gwyneth Paltrow ter ganho o Oscar de Melhor Atriz, sendo que Fernanda Montenegro fez uma das interpretações mais honestas e incríveis do cinema, mas ela perdeu. Neste ano poderiam ter ganho Cate Blanchett, Meryl Streep ou Emily Watson, as três incríveis, mas não ganhou a ensossa da Gwyneth, e porque? Por que ela era jovem, bela e americana, já Fernanda era latino-americana e da terceira idade. Vou parar por aqui, pois meu sangue latino-americano ferve de ódio.
2006 - O ano em que a caretice da Academia chegou ao extremo: "Crash" é um filme feito naqueles moldes de várias histórias que se cruzam, porém esse formato já havia sido utilizado de forma genial por Paul Thomas Anderson e Alejandro González Iñarritu, em filmes que foram praticamente ignorados pela Academia. Porém, o erro básico deste ano é "Crash" ter ganho o Oscar de Melhor Filme no lugar de "O segredo de Brokeback Mountain" que, ok, não trazia uma temática muito inovadora dentro do cinema, mas extremamente surpreendente dentro da Academia: o homossexualismo. Muitos diretores (inclusive Ang Lee) já haviam trabalhado o tema, mas Ang Lee conseguiu chegar ao Oscar, com uma história forte, verdadeira e muito dramática, sem contar nas atuações impecáveis de todo elenco; mas enfim, a Academia não quis premiar o filme que realmente merecia, premiou um filme cheio de erros e clichês, que tem atuações boas, mas ainda assim não merecia o prêmio. Como paleativo e forma de dizer "olha, não somos homofóbicos" deu o prêmio de Melhor Diretor para Ang.
Eu sei, esses poucos filmes que citei acima foram escolhidos com uma ponta gigantesca dos meus sentimentos, mas esse post só quer dizer que um filme deixa suas marcas por si próprio e que um prêmio com o Oscar é passível de muitas falhas e recheado de preconceitos e ufanismos irritantes, mas mesmo assim não perco a premiação, que deve servir apenas como diversão e não ser levada a ponta de faca.
PS.: não sintam que tento apenas mágoas com o Oscar, há ótimos acertos, como em "Beleza Americana" e "Guerra ao terror".