A crítica a nossa sociedade capitalista é quase uma constante no cinema alternativo, ou melhor, não comercial, e eu os adoro, não concordo com todos, mas especialmente nos fazem pensar, tanto o tema sendo o foco do filme, quanto sendo o pano de fundo para outras histórias. O ponto é: neste final de semana assisti a um filme nacional intitulado 1,99 - Um mercado que vende palavras, já pelo título me interessei e a capa também ajuda muito:
Não é que o filme é sobre a malfadada sociedade consumista e indiferente que somos? Mas o filme não opta pelos caminhos fáceis de debate, nem pela forma mais simples de roteiro; ele opta pela descontrução, pela metáfora, pelas imagens (tanto que o filme não tem falas, apenas um ou outro áudio antigo).
Dirigido por Marcelo Masagão, o mesmo de Nós que aqui estamos por vós esperamos, o filme tem um caráter totalmente experimental, levando o espectador, em pouco mais de uma hora, a uma viagem alucinante, onde o que vemos é uma sociedade agressiva, assustada, indiferente, e claro consumista.
Formado pelo branco excessivo, o filme transborda beleza fotográfica, criando cenas antológicas (como a vaca tatuada com um "just do it"), trazendo sensações estranhas, desde alegria até desconforto e angústia. 1,99 tem ainda uma trilha primorosa, em especial os momentos em que reconhecemos aqueles barulhos, gritos e loucuras do André Abujamra.
Em suma, o filme rende muitos e muitos debates, desde o ser humano e suas relações até a tal sociedade capitalista e sua desmoralização, pois além de uma experiência única, recheada de beleza e força, o filme é sim, poeticamente, um protesto e um alerta!
PS.: Vale dar atenção que a hoje apresentadora da TV Cultura, Roberta Youssef faz uma pontinha no filme! Cuidem!
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