sábado, fevereiro 05, 2011

Cinema Nacional


   Escrevo esse texto com um pouco de ódio no coração, então relaxem, mas eu realmente fico puto da vida com uma galera falando mal do cinema nacional, sendo que em média assistiu apenas os filmes do Didi, da Xuxa e os "semi" blockbusters brasileiros. O cinema brasileiro carregou durante mais de duas décadas o estigma sexual deixa pelas pornochanchadas (que de pornô só tinham o nome), sendo que grande parte do público não assistia os filmes aqui produzidos alegam serem "apenas putaria". É realmente inegável que muitos filmes ainda nos anos 80 valeram-se do sexo e da nudez para chamar a atenção de uma parcela do público, sendo que alguns dos filmes com maior bilheteria da nossa história utilizavam desses atributos, vide "Dona Flor e Seus Dois Maridos" e "A Dama da Lotação". Isso me faz pensar: engraçado, todos reclamam da "putaria", mas milhões de pessoas assistiram estes filmes nos cinemas!
   Segunda reclamação que surge a partir do início dos anos 2000: filme nacional só mostra pobreza! A maioria esmagadora da população nacional é pobre ou no máximo classe média, sendo assim, essa parcela de população não deve ser retratada? Porém a produção nacional, atualmente, é bem mais diversificada do que se vê divulgado pelas grandes mídias, sendo que filmes sobre violência e pobreza são quase minoria nos inúmeros gêneros que o país lança. Porém percebe-se que os filmes com maior bilheteria nos últimos anos são aqueles que tratam desses temas, desde "Carandiru", passando por "Cidade de Deus", até chegar ao sucesso pop de "Tropa de Elite", e agora, o que o público quer?
   O grande senão disso tudo é que o público nacional não quer se ver na tela, ele quer mais é um mundo irreal, ele quer o mundo das grandes produções hollywoodianas mas com a carinha da Globo. O que vem a ressaltar isso é o imenso sucesso da franquia "Se eu fosse você", que se encaminha para seu terceiro filme, retratando uma família de classe média que não existe no Brasil, vivendo em casa que mais parecem daqueles imensos subúrbios norte-americanos, trazendo um roteiro já saturado no cinemão americano desde os anos 80. Porém filmes simples e interessantes como "Tapete Vermelho", "O casamento de Louise", "Sábado", "Durval Discos", "A casa de Alice", "Quanto dura o amor?", "Casa de Areia", entre muitos outros passam despercebidos.
   Enfim, vejo que o grande problema não é o cinema nacional, que tem produções de altíssima qualidade, mas sim o público brasileiro, que esta completamente dependente das produções hollywoodianas e dominado por um formato "Globo" de contar histórias. Assim, resta torcer pra que o público consiga abrir sua mente para um bom cinema e que parem de ignorar bons filmes apenas por preconceito.
   Ainda torço para um momento em que enxerguem que discutir os problemas sociais, as dificuldades do dia-a-dia e a sexualidade nas telas do cinema não é algo ruim.

PS.: o que me deixa um fiapo de esperança é que os excelentes filmes do Jorge Furtado sempre conseguem um público razoável nos cinemas. 

Imagens dos filmes Tropa de Elite 
e Casa de Areia.

Um comentário:

  1. Ótimo texto. É exatamente isso, o público nacional não gosta de se ver retratado no cinema. Ainda prevalece a idéia do que é brasileiro não tem real valor diante do que é importado. E essa idéia se dá no sucesso dos pops da Globo Filmes, que nada mais é que uma enxugada dos roteiros das novelas. Uma pena. Mas, ainda nos resta esperança!

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